sábado, 27 de dezembro de 2008

Quem levou Moacir?


Segundo reportagem de capa do Diário do Nordeste 27 dezembro de 2008, diz que agências de viagens não têm mais bilhetes para os próximos dias pra Fortaleza, além de 21 vôos extras pousando no aeroporto Internacional Pinto Martins. Cidade lotada, mas onde estão as autoridades de trânsito para ordenar o fluxo de veículos na Avenida Beira Mar, e próximas? O normal em um mundo
preocupado com a emissão de gás carbônico é dar preferência a transporte de massas, mas nas rotas turísticas, nos corredores culturais onde é realizado a CITY TOUR, apresentando a história do Ceará não é dado preferência aos ônibus ao contrário, é feita uma perseguição com talonários de multas.

Segurança deixa a desejar em todos os pontos de interesse turístico, praia do Futuro, centro da cidade e até o símbolo literário, marco civilizatório da miscigenação foi depredado. A estátua de Iracema no Mucuripe. Onde está o Moacir?

sexta-feira, 26 de dezembro de 2008

São Paulo, praias imprópias ao banho

Em boletim divulgado nesta terça-feira (23), quatro praias do litoral paulista estão impróprias para banho, segundo a Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental (Cetesb) . No litoral norte, as praias são: Itaguá, em Ubatuba; e Pinto, em Ilhabela, apresentaram poluição fecal. Em São Vicente foram verificados coliformes nas praias Gonzaguinha e Milionários, ambas na Baixada Santista.

O período do monitoramento foi entre os dias 16 de novembro e 14 de dezembro nos 15 municípios litorâneos do Estado de São Paulo, exceto Cananéia. As amostras foram encaminhadas para análises microbiológicas para a identificação de coliformes fecais. (Fonte: Estadão Online)

segunda-feira, 22 de dezembro de 2008

Água e Turismo por Arthur Soffiati

Podemos reconhecer três grandes domínios na superfície do planeta. O maior deles é a talassosfera, a esfera formada pelas águas marinhas. A segunda é a epinosfera, constituída pela terra firme. A terceira é a limnosfera, reunindo os ecossistemas aquáticos continentais superficiais e subterrâneos.
Há quem diga que a Terra deveria chamar-se planeta Água, já que 70% da sua superfície é dominada pelos oceanos. Em termos de área, de fato, a água é soberana. Em termos de volume e de massa, porém, as rochas duras e fragmentadas em diversos graus prevalecem. Sob a mais profunda fossa abissal existe rocha de alguma forma.
Sabe-se também que a água é de vital importância para os seres vivos, quase todos eles apresentando em seus organismos uma composição semelhante à superfície do planeta: 70% de líquido. E não apenas no corpo a água é vital, senão também que no entorno de cada indivíduo.
O ser humano e a água
Desde os primórdios do Homo sapiens e mesmo dos hominídeos, a água cumpre várias funções, além de manter o organismo em equilíbrio.
Nas antropossociedades de economia extrativista e de vida nômade, os ecossistemas aquáticos marinhos e continentais eram fonte de alimento, meio de higiene e via de comunicação. O naturalista alemão Hermann Burmeister, empreendendo uma expedição científica no Brasil do Século 19, escreveu que os índios eram anfíbios, pois adoravam viver na água dos rios.
Para as antropossociedades pré-urbanas de economia rural e vida sedentária, a água, além dos usos anteriores, servia também para a irrigação agrícola e dessedentação do gado. Por sua vez, as sociedades históricas viveram em estreita dependência da água, seja drenando seu excesso, seja irrigando os solos áridos para a agropecuária. Basta examinar as civilizações mesopotâmica, egípcia e andina em suas origens.
Por mais que os ecossistemas aquáticos marinhos e continentais fossem usados para a recreação, não se pode falar em seu aproveitamento para o turismo, visto que esta atividade nasce no ocidente, no Século 19.
Em O Território do Vazio, um livro que já se tornou clássico, Alain Corbin demonstra que a praia deixou de ser um lugar de desembarque e de pescadores e passou também a ser apreciada pela aristocracia e pela elite intelectual como um território a ser freqüentado para banhos, caminhadas, cavalgadas e temporadas. A praia é criada pelo imaginário europeu no final do Século 18 e merecerá obras literárias de prosa e poesia. Esta atração se estende por todo o Século 19 e chega aos nossos dias.
Há, porém, uma diferença significativa entre a maneira de olhar a praia nos Séculos 18, 19 e 20 em comparação ao Século 21. O ponto de encontro entre a talassosfera e a epinosfera foi incorporado à cultura européia como local para tratamento de doenças. Proliferaram as praias medicinais por toda a Europa e o mundo europeizado.
No Brasil, havia praias cercadas, com hotéis em que pessoas enfermas se hospedavam para recuperar a saúde. Acreditava- se que o sal e a água fria e limpa lavavam as doenças do corpo e da alma. Também os rios adquiriram este significado no imaginário ocidental. Gilberto Freyre, no intuitivo livro Nordeste, de 1937, analisa a relação da lavoura canavieira com as águas continentais. Diz ele que, na fase do engenho, que perdurou do Século 16 ao final do Século 19, o ser humano aceitou os rios com suas curvas e caprichos, sem macular em demasia suas águas. Nelas, banhavam-se nuas moças brancas e doentes pelo confinamento residencial e pelo uso de roupas inadequadas.
As casas, prossegue ele, tinham suas frentes voltadas para os rios, com trapiches por onde desembarcavam seus proprietários e agregados bem como visitantes.
Era possível beber de suas águas sem filtração ou fervura, ainda que houvesse uma verdadeira aversão pelas águas paradas das lagoas e dos brejos. O advento da usina e do engenho central movidos a vapor, mudou a relação da agroindústria sucro-alcooleira com os rios. Pouco a pouco, as casas lhes viraram as nádegas, que passaram a despejar nas águas a calda quente e fétida resultante da produção do açúcar e do álcool.
As águas e o turismo
Só final do Século 19 e princípio do Século 20, as águas, já dessacralizadas pela sociedade industrial, passam a despertar interesse recreativo e turístico. Marcos Polette explica como um rio, uma lagoa e uma praia passam de paraíso a inferno. Primeiramente, aparece um ricaço num ecossistema aquático rústico, habitado, no máximo, por comunidades tradicionais de pescadores. Suas belezas naturais motivam-no a conseguir um terreno por meios lícitos ou ilícitos, onde constrói uma casa para os finais de semana e para os meses de veraneio.
O encanto do local leva-o a convidar amigos para passarem fins de semana ou temporadas. Esses também se interessam em adquirir um terreno e construir uma casa. O processo se repete e se multiplica. Os intrusos passam, então, a pleitear do poder público a pavimentação da estrada de acesso para facilitar a viagem. Por ela começam a chegar aqueles que pretendem passar apenas um dia. Para atendê-los, aparecem os construtores de pousadas e de hotéis. Casas mais simples passam a ser construídas. A economia das comunidades tradicionais é desmantelada. Os primitivos moradores são empregados pelos donos de mansões, pela rede hoteleira e pelo comércio ou são expulsos do lugar.
Assim, o turismo autofágico acaba subtraindo dos ecossistemas aquáticos marinhos e continentais a beleza que estimulou a sua ocupação. Depois de tornar insuportável o atrativo, os pioneiros ricos saem à procura de outros lugares para iniciar o mesmo processo. Viveram esta trajetória as praias de Tijuca, de Leblon e Ipanema, de Copacabana, de Cabo Frio e Búzios, de Guarapari e arredores, da Bahia e do Nordeste, de um modo geral. O mesmo sucedeu com as lagoas da Região dos Lagos do Estado do Rio e com quase todos os rios.
O ecologismo, o turismo e as águas
A crise ambiental da atualidade está levando à construção de um novo paradigma ou a uma nova atitude diante da natureza. O ecologismo é que melhor a expressa. Praias, rios e lagoas não são apenas as bordas do mar ou as margens que canalizam um curso d?água ou que encerram uma porção dela. São ecossistemas em que a água, posto que vital, é um dos componentes de um todo complexo incluindo solo, subsolo, estrutura geológica, clima e seres vivos. Como ensina a ecologia, os ecossistemas, por mais generosos que sejam, têm limites. Se estes são infringidos até o ponto de retorno possível, eles tendem a restabelecer o equilíbrio. Caso contrário, é preciso a intervenção humana para restaurá-los.
Em resumo, os ecossistemas aquáticos marinhos e continentais são finitos e devem ser respeitados na sua singularidade. Eles não são depósito de lixo e esgoto. Habitam-no plantas, animais e outros organismos indispensáveis à sua saúde.
Estamos longe ainda de observar os preceitos do novo paradigma. A maioria das pessoas continua deixando a ética na ponta de um pau, como fez Macunaíma ao deixar a Amazônia, quando colocam os pés numa praia, num rio ou numa lagoa. Diante de nós, vislumbramos dois horizontes. Um deles foi bem descrito por Ignácio de Loyola Brandão no romance Não Verás País Nenhum, com praias cercadas e interditadas para o banho, devido à sua poluição, e com rios e lagoas contaminados e secos. O outro consiste no esforço de mudanças culturais, de proteção aos ecossistemas aquáticos e de restauração dos que foram degradados por um turismo consumista e predatório.
Fonte: Revista Eco 21, Ano XIII, Edição 77, Abril 2003

sábado, 20 de dezembro de 2008

Geologia e ocupação do solo

Quem desejar entender um pouco da catástrofe que ocorre em Santa Catarina, começa questionando a lei de ocupação do solo nos municípios atingidos, desobediência ou descaso dos gestores públicos dos municípios atingidos ? Também recomendo a leitura da obra Diálogo Geológicos: é preciso conversar mais com a Terra . Publicado pela editora Nome da Rosa. O autor é o geólogo Álvaro Rodrigues dos Santos, esta publicação esclarece, cobra e orienta o publico, técnicos e gestores público como pode-se evitar.

quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

O secretário de Turismo do Ceará, Bismarck Maia, apresentou o balanço de sua pasta (a Setur) no ano de 2008 e a previsão de investimentos para o biêni

Em coletiva concedida ontem pela manhã, no gabinete da Secretaria de Turismo do Ceará (Setur), o secretário Bismarck Maia confirmou os recursos de R$ 1,223 bilhão para serem investidos no setor até o ano de 2010.

Aécio Santiago
da Redação DN

Balanço da Secretaria de Turismo -2008

O secretário de Turismo do Ceará, Bismarck Maia, apresentou o balanço de sua pasta (a Setur) no ano de 2008 e a previsão de investimentos para o biênio 2009-2010. De início, lançou o desafio de que alguém lembrasse outra gestão que tivesse investido tanto em promoção e marketing do Ceará como neste Governo. No total, de acordo com o secretário, foram investidos R$ 25 milhões com publicidade em jornais e revistas de circulação nacional, revistas especializadas de turismo, mídias alternativas em aeroportos, salas de cinema em São Paulo e outras capitais.

Segundo Maia, o objetivo é incrementar o fluxo de turistas fora da alta estação. "Antes fazíamos promoção turística pensando nos meses de julho e dezembro. Enquanto a Bahia possui sete aeroportos ao longo do seu litoral, nós temos apenas um e é preciso mudar essa realidade. Além disso, queremos o Ceará como uma opção positiva para todo o ano", explica o secretário, que anunciou a verba de R$ 1,223 bilhão para a área - sendo R$ 592 milhões procedentes do Programa de Desenvolvimento do Turismo do Nordeste (Prodetur).

Os outros R$ 631 milhões virão do Tesouro, através do Ministério do Turismo e do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). O esperado resultado do licitação para os inícios das obras do Centro de Feiras Multiuso deverá acontecer amanhã, quando serão apresentadas as 10 empresas qualificadas para participar da concorrência. "Caso não tenhamos nenhuma empresa que entre com recurso, amanhã mesmo poderemos abrir os envelopes com os preços e apresentar um prazo para início da construção", disse o secretário. Já sobre o Aeroporto de Aracati, a previsão do secretário é de que a conclusão da ampliação da nova pista e construção do novo terminal seja em 2009.

Com a conclusão do trecho da CE-040, que leva à Aracati (litoral leste), e reforma de parte da Rodovia Estruturante (que leva ao litoral Oeste), além de outras intervenções de infra-estrutura, já é esperado pela Setur um incremento de 9,4% na demanda de turistas em relação ao mesmo período do ano passado

Prestação
Conforme o secretário, um dos objetivos da coletiva foi mostrar um comparativo do que foi prometido no início do ano e o que foi realmente cumprido até agora. Um das conquistas mais comemoradas pelo secretário é o início das operações do vôo para os Estados Unidos pela maior companhia norte-americana, a Delta Air Lines.

De acordo com Bismarck, 75% do vôo já tem ocupação garantida. "Já imaginou um vôo direto para os Estados Unidos com uma parada apenas em Atlanta? Com isso, estaremos atingindo o público asiático e os próprios norte-americanos", comemorou Bismarck lembrando outras promessas feitas e realizadas ao longo de 2009 como o roteiro integrado Ceará-Piauí-Maranhão (Cepima), a reforma do Centro de Convenções e a sinalização turística que teve um aporte de R$ 4 milhões, divididos entre estado e Prefeitura de Fortaleza.


E MAIS:

- Os resultados econômicos esperados correspondem a uma receita turística de R$ 907,2 milhões, 10% a mais do que o mesmo período do ano passado

- Quanto à geração de empregos temporários, a expectativa da Setur para esta alta estação é de 33,2% no setor de alimentação, 27,8% na rede hoteleira e 35,2% para os demais segmentos.

- Com relação à demanda hoteleira da capital, a expectativa é de um aumento de 10,4% em relação a última estação.

- Já está em fase de licitação as obras para a construção do Caminho de Assis, em Canindé, fortalecendo o Turismo Religioso.

- R$ 8 milhões é o total previsto para a conclusão das obras do Parque dos Romeiros, em Juazeiro do Norte

Fonte: Secretaria de Turismo do Ceará (Setur)

Eliomar de Lima: O ATRASO DA PREFEITA E O RELÓGIO DE JOÃO ALFREDO

Eliomar de Lima: O ATRASO DA PREFEITA E O RELÓGIO DE JOÃO ALFREDO

SP terá city tour de Natal a preços populares

AE - Agencia Estado

SÃO PAULO - A partir do dia 6, turistas que visitarem São Paulo poderão fazer passeios natalinos a preços populares. Ônibus que sairão do Viaduto do Chá diariamente, a partir das 19h30, vão percorrer os principais pontos de decoração da cidade, como a Avenida Paulista e o Parque do Ibirapuera. O passeio, promovido pela São Paulo Turismo (SPTuris), vai custar R$ 8.



O city tour das luzes deve durar cerca de três horas, percorrendo a Avenida Paulista, a região dos Jardins e o Parque do Ibirapuera, onde a árvore de Natal e a fonte multimídia serão as atrações. No Masp, no Teatro Municipal e no Edifício Matarazzo, sede da Prefeitura, haverá projeções de imagens em alta resolução. Nos anos anteriores, apenas agências de turismo ofereciam o serviço de city tour, mais caro.



Rio



No Rio, um carrilhão eletrônico vai tocar músicas natalinas e sinos serão balançados três vezes ao dia na principal atração da 13ª edição da Árvore de Natal da Bradesco Seguros, que será inaugurada no dia 29 na Lagoa Rodrigo de Freitas. O carrilhão, importado diretamente da Itália, tem um sistema de propagação de som acoplado à estrutura da árvore, para que as canções sejam ouvidas às margens da Lagoa. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Nordeste tem 77% dos municípios abaixo da linha de pobreza


Nova ferramenta do IBGE, em parceria com o Bird, mostra que índice é maior que o dobro da média nacional

Jacqueline Farid, da Agência Estado


RIO - A distribuição da pobreza no Brasil mostra que 77% dos municípios nordestinos tinham mais da metade de sua população vivendo na pobreza no início desta década, mais que o dobro da média nacional, de 32,6%.

Os dados fazem da nova ferramenta, em DVD, lançada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatítisca (IBGE), que permite localizar, em nível de municípios, a incidência de pobreza, a distância média dos pobres em relação à linha de pobreza (hiato) e a desigualdade entre os pobres (severidade ou profundidade da pobreza), entre outros indicadores.

O mapa foi produzido pelo IBGE em parceria com o Banco Mundial e a partir dos dados da Pesquisa de Orçamentos Familiares 2002-2003 e do Censo 2000.

Selecionando-se a distribuição dos 1.793 municípios das Grandes Regiões do Brasil onde mais da metade da sua população vive em situação de pobreza, a conclusão é que a região Nordeste concentra 1.377, representando 77% destes municípios. Em contrapartida, a região Sul apresentou a menor proporção de municípios com mais da metade de população pobre: apenas 11 municípios, representando 0,6% do total do Brasil.

De acordo com o mapa, a região Nordeste se caracteriza "pela maior proporção de pobres, pela maior distância média dos pobres em relação à linha de pobreza e onde também a severidade da pobreza era a mais intensa do País".

Macacos com sintomas de febre amarela alarmam Argentina


18/12/2008

As autoridades de Misiones, província do nordeste argentino na fronteira com o Brasil e o Paraguai, intensificaram as medidas contra a febre amarela, após a descoberta de mais de 20 macacos mortos com sintomas dessa doença.

Segundo informou nesta quarta-feira (17) a imprensa local, a preocupação aumentou nos últimos dias, porque alguns dos animais mortos foram encontrados nas cercanias de Posadas, capital de Misiones, a cerca de 1.000 quilômetros de Buenos Aires e vizinha à paraguaia da Encarnación.

Diante desta situação, as autoridades sanitárias iniciaram um "bloqueio epidemiológico" na zona onde apareceram os macacos mortos, que compreende tanto a vacinação da população quanto a detecção de casos suspeitos.

Além disso, foram intensificadas as fumigações e outras medidas para combater a proliferação do mosquito Aedes aegypti, cuja picada transmite a febre amarela e também a dengue.

"São tomadas medidas semelhantes às tomadas a partir de janeiro deste ano", quando a doença se propagou pelo Brasil, Paraguai e nordeste argentino, disse o subsecretário de Saúde de Misiones, Carlos Báez, ao jornal El Território.

A febre amarela é uma doença viral aguda e infecciosa que é conhecida por esse nome devido aos sinais de icterícia que afetam alguns pacientes. (Fonte: Estadão Online)

América Latina: Solidariedade contra ações norte-americanas

17/12/2008 - 11h12

Por Mario Osava, da IPS

Costa do Sauípe, Bahia, 17/12/2008 – Duas decisões adotadas ontem pelos presidentes da América Latina e do Caribe neutralizam, ou buscam reverter, ações “vingativas” dos Estados Unidos contra Bolívia e Cuba, acentuando o caráter autonomista das cúpulas que acontecem neste complexo turístico. A Cúpula do Mercado Comum do Sul (Mercosul) decidiu que seus cinco membros – Brasil, Argentina, Paraguai, Uruguai e Venezuela – absorverão US$ 30 milhões em exportações bolivianas de têxteis, “em solidariedade com o governo e o povo da Bolívia”.

O gesto, que recebeu vários agradecimentos públicos do presidente boliviano, Evo Morales, compensa as perdas que seu país sofreu pela suspensão, anunciada pelos Estados Unidos dia 26 de novembro, de preferências alfandegárias como castigo pelo suposto descumprimento pela Bolívia de metas no combate ao narcotráfico. Essas preferências eram concedidas a Bolívia, Peru e Colômbia dentro da Lei de Promoção Comercial Andina e Erradicação de Drogas (ATPDEA), que estimula a repressão à produção e ao comércio de cocaína.

Além disso, a Venezuela ofereceu um apoio de US$ 60 milhões, em uma operação que compreende empresários e governos, informou Morales, que considerou esses gestos e a integração “importantíssimos” para seu país, que vai se libertando de “imposições e condições” de potências do Norte rico. Outra decisão contra medidas punitivas por parte de Washington foi a incorporação de Cuba ao Grupo do Rio, aprovada pelos presidentes dos 19 países-membros desse mecanismo latino-americano e caribenho de concentração política e diplomática.

O presidente do México, Felipe Calderón, anunciou a resolução do Grupo do Rio destacando a contribuição importante que Cuba pode dar às relações regionais. Calderón faz parte dos governantes conservadores e mais próximos a Washington em uma América Latina onde a esquerda e a centro-esquerda ampliaram sua presença nos governos nos últimos anos. O presidente de Cuba, Raúl Castro, também convidado pela primeira vez para a Cúpula do Mercosul, agradeceu o apoio na luta contra o “vingativo bloqueio econômico e financeiro” contra seu país desde 1962 e condenou o sistema econômico mundial “neoliberal”, cujo esgotamento é identificado na atual crise financeira, afirmou.

“A decisão reflete a “independência definitiva” da América Latina, 50 anos depois que Fidel Castro e seu irmão Raúl lutaram em Serra Maestra pela revolução”, afirmou o presidente venezuelano, Hugo Chávez, um grande aliado de Havana. A própria Cúpula da América Latina e do Caribe (CALC) de ontem e hoje na Costa do Sauípe, a 70 quilômetros da capital baiana, é uma iniciativa “histórica” que marca a autonomia regional. Pela primeira vez os países da região reúnem seus chefes de Estado e de governo sem a presença dos Estados Unidos e de potências colonizadoras européias.

É "incrível” que somente agora acontece um encontro aqui, quase 200 anos depois da independência do império colonial, disse o chanceler brasileiro, Celso Amorim, embora esclarecendo que nem a iniciativa brasileira de convocar a CALC nem as decisões de ontem são contra os Estados Unidos. Nem Morales nem Castro exibiram essa moderação, e criticaram as “imposições” de Washington. O mandatário boliviano destacou que o presidente George W. Bush “não respeito” nem mesmo o Congresso de seu país, que havia decidido prorrogar as preferências alfandegárias.

Morales também comemorou um triunfo na União das Nações Sul-americanas (Unasul), que em outra cúpula realizada ontem recebeu o informe sobre os violentos conflitos ocorridos em setembro no departamento de Pando, onde morreram pelo menos 17 camponeses favoráveis ao governo. O informe, preparado por uma comissão multilateral de especialistas criada pela Unasul, será enviado a organismos de direitos humanos das Nações Unidas e da Organização dos Estados Americanos.

O ocorrido em Pando foi “um massacre, um genocídio”, disse Morales em entrevista coletiva, e será necessária a “pressão do movimento social” para que a justiça condene os responsáveis. O funcionamento da justiça constitui “um grave problema”, e terá de passar pela “profunda transformação” que a Bolívia deverá viver, afirmou o presidente. Morales reafirmou seu compromisso “com a democracia, os direitos humanos e o Estado de direito”. O referendo marcado para 25 de janeiro permitirá ao povo boliviano “aprovar ou rechaçar” livremente a Constituição redigida pela Assembléia Constituinte, assegurou.

A Unasul foi criada por decisão dos países da América do Sul e sua constituição foi assinada em maio de 2008, mas até agora apenas dois países, Bolívia e Venezuela, ratificaram sua fundação em seus parlamentos. Essa é uma tarefa urgente, disse o chanceler brasileiro, reduzindo a importância dos rumores de que o Uruguai ameaça deixar a organização se o ex-presidente argentino Nestor Kirchner (2003-2007) for nomeado para ser o seu secretário-geral. Os governos de Argentina e Uruguai se enfrentam pela instalação da indústria de celulose no lado uruguaio de um rio compartilhado pelos dois países e pelo bloqueio de uma ponte internacional mantido por ativistas argentinos como forma de protesto. Montevidéu reclama de Buenos Aires que acabe com o bloqueio. O conflito está no Tribunal Internacional de Justiça, na cidade holandesa de Haia. (IPS/Envolverde)

Lula cancela anistia a embargo de terras desmatadas

17/12/2008 - 09h12

Por Redação do Greenpeace

São Paulo - Brasil — Cinco dias depois de assinar um decreto impedindo o Ibama de embargar áreas de desmatamento, o presidente volta atrás.
Surtiu pequeno efeito as críticas dos ambientalistas ao decreto 6.686, que, entre outras medidas em favor do desmatamento, impedia, até o dia 11 de dezembro de 2009, os embargos de áreas de reservas legais desmatadas. O novo texto, número 6.694, assinado pelo presidente Lula na segunda-feira (15/12), exclui do beneficiamento os desmatamentos irregulares ocorridos no bioma Amazônia. A anistia às multas, no entanto, continuam suspensas até dezembro do próximo ano.

“Claro que a nova redação do decreto ficou melhor, mas ainda não é o ideal. Quem desmatou outros biomas não pode escapar da sanção do embargo, além disso a anistia às multas foi mantida”, diz o diretor de campanhas do Greenpeace, Sérgio Leitão. “A alteração é bem vinda, mas mostra a esquisofrenia dessa gestão quando o assunto é meio ambiente. No dia 22 de julho, o presidente assinou o decreto 6.514 sobre as sanções para os crimes ambientais e quatro meses depois alterou seu conteúdo com decreto 6.686, que agora foi modificado novamente”, afirma Leitão.

A instabilidade da política ambiental coloca em risco a estratégia do governo de atrair investimento estrangeiro para mecanismos de proteção às florestas e redução de emissões dos gases do efeito estufa. “Como investidores estangeiros vão confiar em uma política ambiental tão instável?”, questiona Leitão.


(Envolverde/Greenpeace)